É um episódio conhecido que o Soseki Natsume – escritor e filósofo japonês da era Meiji – traduziu a frase “I love you” como “A lua está linda” 🌕

Mesmo não tendo comprovação histórica sobre essa tradução, é inegável que a frase “a lua está linda” traz um sentimento de profundidade que é característico da língua japonesa, e é certo que há uma emoção que parece um tanto ininteligível. Vamos analisar essa diferença?

Vamos começar com a estrutura do “eu te amo”.

Três palavras aparecem. É uma estrutura muito simples de “eu”, “te” e “amo”. “Eu te digo amor” – uma mensagem direta, simples e, portanto, forte. O importante aqui é que estamos transmitindo diretamente a mensagem ao receptor. A imagem é de que os dois estão de frente, olhando um para o outro.

E como fica a estrutura da língua japonesa, “A lua está linda”?

O que aparece é eu, que diz “a lua está linda”, você (implícito) que recebeu a mensagem e a lua propriamente dita. superficialmente parece que o “amor” não se encontra em lugar nenhum.

“A lua é linda” não é uma palavra que se diz olhando aos olhos do outro. É um convite para apreciar a lua.

Mas onde é que o amor está escondido na frase “A lua está bonita”?

Acontece que, quando um diz “a lua está linda”, espera-se que o outro responda “está linda mesmo”.

Em outras palavras, quando duas pessoas conseguem compartilhar o momento e sentir a beleza da lua juntos, você pode confirmar o amor ali.
Mesmo que não se atreva a concretizar em palavras, essa comunicação será suficiente por si só.

São duas pessoas lado a lado, olhando para a mesma direção. Esse contraste destaca a diferença das expressões de amor entre o ocidente e o Japão.

“A lua está linda” não é uma mensagem clara e direta como “eu te amo”. Mas com a intermediação da lua, você inclui amor em palavras casuais e consegue expressar amor sem o dizer diretamente. Nesta estrutura, percebe-se uma sensação de profundidade, em que você sente o gostinho do amor 💕